segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Haja café!

O governo do Distrito Federal realmente nos surpreende a cada momento, é o espelho mais claro da falência da estrutura governamental em todos os seus escalões.

Já envolvido em polêmicas passadas sobre licitações no mínimo estranhas, o governador brasiliense Agnelo Queiroz parece não ter aprendido com o passado, e mas uma vez tem que explicar um processo licitatório em que o objeto é a aquisição de 27 mil garrafas térmicas.

Só recapitulando para os que não lembram, no ano passado o mesmo governo abriu licitação para a aquisição de 17 mil capas de chuva para o contingente da PM local utilizá-las durante a Copa das Confederações, realizada em Junho. Interessante que além do valor reservado para tal aquisição, cerca de R$ 5,35 milhões (o que através de uma conta de padeiro chegamos ao custo unitário de incríveis R$ 314 por capa), outros dois fatores chamaram a atenção sobre tal processo: 1) o contingente da PM era até então de apenas 15 mil homens; 2) o período em que foi realizada a Copa das Confederações é um dos mais secos do ano na região. 

Faltam argumentos para descrever tal aberração, tanto que após a repercussão negativa, o governo do Distrito Federal cancelou a famigerada licitação, como se houvesse justificava plausível para sua criação.

Agora, um ano depois do episódio das capas de chuva (ou sol), o mesmo governo brasiliense está realizando a tomada de preços para a aquisição de 27 mil garrafas térmicas, pelo preço total de R$ 1 milhão. Segundo informações, essas garrafas seriam utilizadas em 77 órgãos, incluindo nesta conta a casa do vice-governador, repartições públicas, além de setores como escolas e o sistema prisional. 

Fazendo mais uma continha de padeiro, o custo de cada garrafa para a Administração Pública sairá por R$ 37, o que não chega a ser um absurdo. Porém, 27 mil garrafas térmicas precisam ser substituídas simultaneamente no Distrito Federal? Interessante isso. Só para constar, já foi liberada a compra pelo governo brasiliense das primeiras 11 mil garrafas.

Um fato bastante peculiar desse processo licitatório foi que a empresa licitante que ofereceu o melhor preço não foi habilitada.

Mas ora, a função da licitação não é justamente da busca pelo menor preço? E por que o fornecedor com o valor mais baixo não foi habilitado? Boas perguntas para serem respondidas.

Realmente é o momento refletirmos sobre esses fatos, já que estamos em ano eleitoral. Esses são os governantes que nós, eleitores e contribuintes, estamos elegendo para administrar o nosso dinheiro, o qual é pago através de nosso trabalho, sem a devida contraprestação por parte do Estado. 

Se trabalhamos pelo menos 1/3 do ano para pagarmos impostos, temos a obrigação de exigir uma administração responsável desses recursos, ao invés de fechamos os olhos e abrimos a boca para engolirmos um assistencialismo barato que nos deixa cada vez mais ignorantes em relação ao que acontece em nosso país. 

Está mais do que na hora nos posicionarmos frente a má gestão do dinheiro público, das negociatas, da corrupção e dos desmandos de governantes que só pensam em interesses pessoais. Caso o contrário, continuaremos esse ciclo vicioso de reclamarmos das migalhas que recebemos, sofrendo e sendo humilhados por governos corruptos, que nunca colocam o bem estar social em primeiro lugar.

A hora de tentarmos fazer alguma coisa é agora, às vésperas da eleição, divulgando os desmandos e os nomes dos envolvidos em tais episódios. Somente assim podemos tentar separar o joio do trigo, apesar de que pela atual fotografia política do Brasil, dá para separar o trigo com uma pinça, de tão poucos bons exemplos que temos como representantes.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Liberdade de expressão conveniente.

Os episódios violentos ocorridos no Rio de Janeiro nos últimos dias atribuídos aos chamados "justiceiros" escancaram a falta de segurança que atualmente nossa sociedade vive. 

Paralelo a isso, a opinião de alguns setores da mídia mostram a faceta hipócrita de nossa imprensa, que prefere o discurso politicamente correto às opiniões mais contundentes.

Isso ocorre justamente porque opinar de forma contundente e independente sai do lugar comum, busca apresentar pontos de vistas diferentes ao restante de uma maioria midiática que tem o poder de formar opinião, mas que de fato não o fazem.

No caso dos problemas citados acima ocorridos no Rio de Janeiro, muitas vezes as palavras polêmicas de uma imprensa não presa a convenções, mas preocupada em formar opinião, andam em compasso com o pensamento da maioria da população, mas em descompasso com o que os formadores de opinião (isso quando formam alguma coisa) querem imputar ao pensamento coletivo. 

O exemplo mais claro do que estamos falando foi a declaração de Rachel Sheherazade, apresentadora do jornal do SBT Brasil, apresentada em 04/02/2014. O assunto em questão foi a prisão do marginal ao poste realizada segundo informações pelos tais "justiceiros". 

Em seu espaço, Sheherazade faz referência ao direito de reação da população frente a um estado de violência não combatido por um estrutura governamental letárgica, enquanto que aos defensores dos direitos humanos, que esses adotassem um bandido, visto que são movidos pela compaixão por esses "honrados cidadãos". O que foi dito não são mais do que duas verdades perfeitamente aplicáveis para os nosso cotidiano.

No entanto, o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro emitiu nota de repúdio à jornalista sobre os referidos comentários, argumentando que houve grave violação dos direitos humanos e ao Código de Ética da classe.

Sheherazade na verdade exerceu somente um dos direitos mais sublimes do estado democrático: a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. 

Diante disso, o que fica cada vez mais claro é que dentro do mar de hipocrisia em que nossa sociedade se encontra, emitir uma opinião contrária ao politicamente correto é interpretada quase que automaticamente como um crime tão grave quanto assassinar uma pessoa em público em plena luz do dia. 

Muito interessante que se pegarmos um pequeno histórico de fatos recentes, a tal LIBERDADE DE EXPRESSÃO só tem servido para atender a vontade individual de alguns, ou ainda de pequenos grupos. No entanto, quando tem uma amplitude maior e toca em assuntos mais delicados, aí merece censura.

A capacidade crítica das pessoas está sendo substituída pela cartilha do bom vizinho, onde se fala somente o que agrada o próximo, mesmo que isto só piore o meio em que vivem. 

Deixamos de viver em uma república democrática, e passamos a viver em uma república hipócrita. Com isso, quem mais ganha são os que querem que tudo continue como está, porque um povo sem senso crítico é um povo manipulável

Lamento gerações futuras, mas a cada passo que damos em direção ao futuro, são dois para trás voltando ao tempo do feudalismo.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Brasil e o poder paralelo.

Depois de dois atos que demonstram a total falta de controle do Estado em relação à segurança pública no Rio de Janeiro - o do bandido acorrentado nu ao poste e a execução em plena luz do dia de um suposto bandido com tiros na cabeça - juristas e políticos ligados principalmente aos direitos humanos vão a público e falam em barbárie, além de que é inaceitável ação de poderes paralelos agindo livremente como se fossem o próprio Estado.

O que as autoridades parecem querer esconder da opinião pública é que são eles próprios que dão margem para a ação destas organizações, que se aproveitam da incompetência, inércia e corruptibilidade das instituições governamentais na defesa dos interesses público para instaurarem suas próprias regras. 

É tão absurda a situação que a execução do suposto bandido no Rio aconteceu no final da tarde, em uma rua de grande circulação de pessoas, filmada por um transeunte que acompanhava o ocorrido, não intimidou em nenhum momento o executor, executando a vítima sem a menor preocupação de esconder o rosto para ser identificado. 

E se engana quem acha que esse problema ocorre somente nas grandes capitais, pois é certo que cada vez mais o crime se alastra para o interior, e a violência gratuita ganha cada vez mais força entre a sociedade. 

O pior de toda esta situação é que uma boa parte da população apóia este tipo de ação, o que é totalmente compreensível, haja vista que o Estado não realiza suas funções de forma a mudar o pensamento popular. No entanto, na medida em que poderes paralelos empregam sobre a sociedade suas próprias regras, estas podem atingir tanto a bandidos como a inocentes, que acabam se tornando reféns de leis as quais em estado democrático nunca existiriam.

Esse é o retrato da incompetência explicita de um Estado inerte, que permite que bandidos ordenem execuções de dentro das cadeias, que permite que comunidades se tornem estados independentes nas mãos de grupos organizados e milícias, e que acima de tudo, não tem a capacidade sequer de resolver seus problemas internos, deixando uma nação à mercê de uma justiça não baseada em regras, mas da decisão de alguns bandidos fantasiados de autoridades. 

Enquanto isso, os preparativos da Copa do Mundo (da FIFA) segue a todo vapor...