Não faz
muito tempo um jovem na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, foi preso a um
poste e deixado seminu pela ação de supostos justiceiros. Na ocasião, o menor foi acusado de cometer um furto na região. Tempos depois, o mesmo menor foi
preso pela polícia em outra ocorrência, sendo que o mesmo tentou se valer da fama
involuntária para escapar da reclusão pelo novo incidente.
Também no
Rio de Janeiro, um cidadão foi sumariamente assassinado em
plena luz do dia com vários tiros por suspeita de roubo na região. As imagens circularam a internet e houve
ampla divulgação do caso.
Por último, nesta segunda-feira uma mulher morreu na cidade de Guarujá, litoral de São Paulo, após ser
espancada por moradores de um bairro por conta de suposta
acusação sobre rapto de crianças na região a serem utilizadas em rituais de magia negra. No entanto, conforme já averiguado pela polícia local, não houve qualquer acusação formal ou prova
que qualificasse a agredida autora de qualquer crime, apenas a divulgação da denúncia de uma pessoa através de
uma página do Facebook com uma foto de aparência similar a da vítima.
Em todos
esses casos, o que se explicita é a total descrença da população sobre o
estado no tocante ao poder judiciário e sua estrutura sabidamente paralítica. O
estado de insegurança é tão evidente que as ações dos justiceiros de toga estão se
tornando uma prática, e não uma exceção.
O governo
por sua vez, e muito por conta da própria letargia, não age na origem do
problema, mas somente nas consequências do mesmo. Traçando um paralelo, é a
mesma coisa que vacinar a pessoa contra a gripe depois que a doença já
praticamente matou o paciente.
Não bastasse
a incompetência institucional que o país vive, agora surge mais um problema a ser resolvido: a sociedade em busca de
uma justiça executada por ela própria.
Existirão os
que bradarão a favor e contra o(os) ato(s) descritos acima, com seus argumentos
inflamados buscando justificar uma situação de caos que há tempos vem dando
sinais de sua existência. O que não se pode negar é que situações como essas só
reafirmam que estamos vendo a instauração de uma estado anárquico com a
complacência do estado, que se limita a remediar as catástrofes do nosso cotidiano.
Apesar de
falhas, a justiça e suas instâncias ainda existem no país, e ninguém, por melhores
argumentos que possam justificar, tem o direito de assumir tal posição. Agir
dessa forma não fere apenas o poder do estado, fere o próximo, e as consequências estão aí, para que todos vejam. E ainda entendendo a indignação coletiva diante dos problemas sociais, ações como a verificada no Guarujá dão margem situações de injustiças, como parece ter ocorrido de fato nesse episódio.
E a pergunta fica: quem será a próxima vítima?
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