segunda-feira, 5 de maio de 2014

(In)justiça coletiva.

Não faz muito tempo um jovem na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, foi preso a um poste e deixado seminu pela ação de supostos justiceiros. Na ocasião, o menor foi acusado de cometer um furto na região. Tempos depois, o mesmo menor foi preso pela polícia em outra ocorrência, sendo que o mesmo tentou se valer da fama involuntária para escapar da reclusão pelo novo incidente.

Também no Rio de Janeiro, um cidadão foi sumariamente assassinado em plena luz do dia com vários tiros por suspeita de roubo na região. As imagens circularam a internet e houve ampla divulgação do caso.

Por último, nesta segunda-feira uma mulher morreu na cidade de Guarujá, litoral de São Paulo, após ser espancada por moradores de um bairro por conta de suposta acusação sobre rapto de crianças na região a serem utilizadas em rituais de magia negra. No entanto, conforme já averiguado pela polícia local,  não houve qualquer acusação formal ou prova que qualificasse a agredida autora de qualquer crime, apenas a divulgação da denúncia de uma pessoa através de uma página do Facebook com uma foto de aparência similar a da vítima.

Em todos esses casos, o que se explicita é a total descrença da população sobre o estado no tocante ao poder judiciário e sua estrutura sabidamente paralítica. O estado de insegurança é tão evidente que as ações dos justiceiros de toga estão se tornando uma prática, e não uma exceção.

O governo por sua vez, e muito por conta da própria letargia, não age na origem do problema, mas somente nas consequências do mesmo. Traçando um paralelo, é a mesma coisa que vacinar a pessoa contra a gripe depois que a doença já praticamente matou o paciente.

Não bastasse a incompetência institucional que o país vive, agora surge mais um problema a ser resolvido: a sociedade em busca de uma justiça executada por ela própria.

Existirão os que bradarão a favor e contra o(os) ato(s) descritos acima, com seus argumentos inflamados buscando justificar uma situação de caos que há tempos vem dando sinais de sua existência. O que não se pode negar é que situações como essas só reafirmam que estamos vendo a instauração de uma estado anárquico com a complacência do estado, que se limita a remediar as catástrofes do nosso cotidiano.

Apesar de falhas, a justiça e suas instâncias ainda existem no país, e ninguém, por melhores argumentos que possam justificar, tem o direito de assumir tal posição. Agir dessa forma não fere apenas o poder do estado, fere o próximo, e as consequências estão aí, para que todos vejam. E ainda entendendo a indignação coletiva diante dos problemas sociais, ações como a verificada no Guarujá dão margem situações de injustiças, como parece ter ocorrido de fato nesse episódio.

E a pergunta fica: quem será a próxima vítima? 

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