terça-feira, 8 de abril de 2014

Desolador.

Como de costume , hoje pela manhã fui a panificadora tomar um café com leite e comer um pão com manteiga quente, e enquanto aguardava meu pedido tomei um jornal local que estava em cima da mesa e comecei a ler as notícias do dia. Confesso a vocês, chega a ser desolador a quantidade de novidades negativas que envolvem a política e o judiciário nacional, em todos os seus escalões. 

São tantos maus exemplos vindos da política e do judiciário, como nos casos do Mensalão (petista e tucano), da compra da refinaria de Pasadena/EUA pela Petrobrás, e em menor escala, como a volta temporária de Fábio Camargo ao conselho do Tribunal de Contas do Paraná por decisão do ministro do STF Gilmar Mendes, que o cidadão de bem, ainda que não possua o claro entendimento dos fatos, acaba se desiludindo diante de tantas situações que afrontam o que se entende por correto.

O último episódio que chegou aos olhos da população é o envolvimento do deputado federal André Vargas, do PT paranaense, com o doleiro Alberto Youssef, em um jogo de troca de favores e dinheiro entre as partes.  Não bastando a gravidade da relação entre as partes, o nobre deputado usa-se de artimanhas legais, afastando-se do atual mandato na Câmara dos Deputados, e dependendo onde a situação acabe, renunciando ao mesmo. Isso sem contar que ainda goza de foro privilegiado, podendo ser julgado somente pelo STF.

Quem depende da justiça brasileira sabe que para um processo chegar ao STF o caminho é longo, muito longo. São tantos instrumentos jurídicos protelatórios, que para o leigo o único sentimento que se gera é de indignação por não ter tratamento igual ao do ilustre deputado. E se pensarmos que atualmente uma boa parte dos atuais Ministros do STF foram escolhidos pelo próprio PT, temos o direito de projetar que o ilustre deputado eventualmente possa ter algum tipo de favorecimento em seu julgamento, caso ele ocorra.

Na verdade, o que precisamos entender é que o problema não está somente nas consequências jurídicas e eventuais injustiças que podem ocorrer durante o julgamento de André Vargas, até porque corrupção não tem sigla, carteirinha ou convicção partidária. O problema é muito mais amplo que isso, envolve a falta de respeito ao próximo (eleitor), a falta de moral, de caráter e vergonha na cara daqueles que representam o povo, o qual é igualmente culpado e cúmplice desses políticos, pois os elegem, e depois de quatro anos os reelegem .

É tão natural um político vir a público e levantar dúvidas sobre acusações oferecidas por órgãos importantes da estrutura pública brasileira, como os Tribunais de Contas, Polícias Federal/Estadual/Civil, promotores, e marginalizar as investigações que os referidos órgãos realizam, rebaixando todo o trabalho investigativo à perseguições políticas dos adversários, que no final vê-se que o problema é muito mais amplo do que se imagina.

Na verdade, um pouco do que assistimos no Palácio do Planalto é o que somos no dia-a-dia. Nossa visão se limita somente a acusar, e não a refletirmos se em algum momento não estamos agindo igual aos nossos representantes, ainda que em menores proporções. Pior ainda são os que pouco se importam, porque aí sim o caminho fica livre para que a corrupção impere. 

No final, a desolação popular talvez não deva ser somente contra a classe que a representa, mas também deva ser uma boa parte consigo, pois comprova ser incapaz de mudar não só o meio, mas a si mesmo. 


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